Campanha Vidas Negras é apresentada ao Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial, em Brasília

(divulgação/ONU)
(divulgação/ONU)

Conselheiras e conselheiros de promoção da igualdade racial puderam conhecer mais a fundo na segunda-feira (13), durante reunião em Brasília (DF), o conteúdo e a estratégia da Vidas Negras, campanha nacional das Nações Unidas pelo fim da violência contra a juventude negra.

A ONU foi representada no encontro por Ismália Afonso, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), e Lázaro Silva, do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS), que apresentaram propostas e materiais da iniciativa e buscaram, sobretudo, ouvir as expectativas de representantes da sociedade civil e do governo federal.

Além da campanha, os representantes das Nações Unidas falaram da Década Internacional de Afrodescendentes (2015-2024), cujo plano de ação prevê uma série de medidas que articulam os níveis local, regional e internacional para ações de promoção da igualdade racial e superação da discriminação.

“Estamos aqui também para que vocês nos apoiem na ampliação do escopo temático e de ação da campanha. Ela só está começando e vai durar um ano, tendo como objetivo principal a valorização das vidas de jovens negros, que estão sofrendo com os homicídios — a pior consequência da violência racial”, explicou Ismália.

A representante do PNUD mostrou todas as peças e vídeos da campanha, que foram recebidos com entusiasmo pela plateia. Uma das sugestões apresentadas pelo conselheiro Frei Davi, da ONG EDUCAFRO, foi de que a ONU enviasse um ofício às tevês públicas e comerciais solicitando que os vídeos fossem incluídos já na programação em referência ao mês da Consciência Negra.

“As peças estão bastante incisivas no que diz respeito à questão da violência contra os jovens negros e sua relação com o racismo. Minha sugestão para o Conselho é que ele indique os vídeos para veiculação ao menos cinco vezes ao dia. Especificamente no caso da Globo, poderíamos solicitar que, diante das recentes declarações racistas do âncora William Waack, a emissora passe a exibir o vídeo como uma espécie de medida de reparação”, sugeriu Frei Davi.

A ideia foi encaminhada por votação unânime pelo Conselho, que também decidiu provocar a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial e o Ministério dos Direitos Humanos sobre ações concretas a serem tomadas a partir da campanha.

“A ONU tem um peso importante para influenciar os gestores a pensarem na articulação entre governo federal, estados e municípios. Cada um destes tem de assumir a sua responsabilidade no enfrentamento ao racismo e à letalidade de jovens negros. O município que não oferece uma creche está contribuindo para a violência contra a população negra. O estado que fecha uma escola também”, avaliou Angela Guimarães, representante da União de Negros e Negras pela Igualdade (UNEGRO).

A campanha continua a todo vapor. Foi ao ar nesta terça-feira (14) o vídeo inédito sobre “filtragem racial” (quando uma pessoa é escolhida como suspeita simplesmente por causa da cor), com a atriz Taís Araújo. Até o fim de novembro, todas as semanas terão pelo menos duas novas peças para difusão via redes.

As peças podem ser compartilhadas via Facebook, Twitter ou Instagram da ONU Brasil ou de suas agências, usando a hastag #VidasNegras.

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